quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Santa Missa, parte por parte


O que é a Missa?

Missa é uma palavra que vem do Latim e significa "missão". No tempo em que as Missas Tridentinas eram comuns, o padre, ao encerrar a celebração, voltava-se para a assembleia e, abrindo os braços, dizia: "ite, missa est". Isso era entendido como: "Ide, a missa está terminada". Poderia significar também que, a partir daquele momento, o cristão deveria viver sua missão no mundo - em casa, no trabalho e na sociedade.

Podemos dividir a Missa em quatro partes:
1 - Ritos Iniciais
2 - Liturgia da Palavra
3 - Liturgia Eucarística

4 - Ritos Finais
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1. Ritos Iniciais


Ritos são ações e procedimen­tos observados como regras na rea­lização de uma cerimônia religio­sa. Na celebração da Missa, quais seriam os ritos iniciais?

Comunidade eclesial-assembléia
Tudo começa com a chegada das pessoas. Ná medida em que elas se encontram e se acolhem mutuamente, Vão constituindo a "assembléia". Toda reunião de cris­tãos traz uma forte identidade: a presença de Cristo - "pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles", disse Jesus (São Mateus 18,20).

Procissão de entrada
Constituída a assembléia, tem início a Procissão de Entrada, feita geralmente aos Domingos e dias festivos. Dela participam o sacer­dote que presidirá a Eucaristia, os ministros, os leitores, os acólitos e, conforme a circunstância, outras pessoas. Essa procissão, que se di­rige ao "altar"', mostra a caminhada do povo peregrino em busca de Deus.

Beijo no altar
O altar, mesa sagrada onde é oferecido o sacrifício, onde Cristo se imola e dá sua vida por nós. A tradição cristã respeita o altar como símbolo do próprio Cristo. Por isso é beijado com muito cari­nho e respeito pelo presidente da celebração.

Canto de entrada
Durante a procissão a comuni­dade canta, pois cantar é rezar, é louvar, é testemunhar. O canto ani­ma e conduz à oração. A missa, com raras exceções, tem que ter cantos, pois através deles expres­samos os motivos pêlos quais estamos celebrando. O canto, quando bem escolhido e executa­do, tem a capacidade de nos intro­duzir no clima da celebração.

Acolhida
A Igreja é a Casa de Deus, Casa da Mãe, Casa dos Santos, Casa de irmãos. As pessoas que se reúnem para a missa podem ser conheci­das ou não. Na fé sabemos que so­mos todos filhos e filhas do mesmo Pai. Deus acolhe a todos, não re­jeita ninguém. Também nós deve­mos ter essa disposição, e isso deve ser sempre lembrado pelo comen­tarista ou pelo sacerdote que presi­de a celebração.
É muito importante instaurar esse clima de fraternidade já desde o início da missa, pois é a expres­são visível da graça presente na as­sembleia: "Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo".

Ato penitencial
O sentimento de ser acolhido por Deus Pai e pêlos irmãos nos faz entender que tudo é graça. Não estamos na Igreja para fazer um fa­vor... nem mesmo para dar conta de um compromisso, cumprir uma obrigação. Somos criaturas pobres e humildes diante do mistério e da santidade de Deus.
O ato penitencial quer ser o reco­nhecimento sincero dessa nossa situa­ção, no sentido apresentado pelo Evangelho na parábola do Fariseu e o Publicano (Lc 18,9-14). Sempre ne­cessitamos de conversão, mas de modo especial quando nos apresen­tamos diante da grandeza de Deus.

Hino de louvor
Justificados, isto é, banhados pela misericórdia de Deus que nos aceita e nos eleva, rezamos (canta­mos) o Glória. Trata-se de um hino muito antigo através do qual mani­festamos louvor, adoração e súpli­cas a Cristo e, por ele e nele, ao Pai e ao Espírito Santo.

Oração (coleta)
Para concluir essa primeira parte da missa, é rezada uma oração. O sacerdote que preside a celebração convida todos ao recolhimento di­zendo: "Oremos". Cada um faz sua oração em silêncio, colocando suas intenções particulares. Depois de um breve instante o Padre conclui rezando em voz alta a "coleta". A oração tem esse nome porque real­mente ela recolhe todas as intenções particulares feitas em silêncio, como que fazendo uma conclusão.



2. Liturgia da Palavra

A missa é um encontro da Igre­ja com seu Deus e Pai, por Cristo no Espírito Santo. Em conseqüência disso a Palavra de Deus sempre terá lugar de destaque como parte integrante e indispensável na as­sembleia litúrgica.
Na missa a leitura da Bíblia se reveste de solenidade, pois acredi­tamos verdadeiramente que Deus nos fala. De nossa parte, devemos procurar acolher essa palavra como comunicação de vida. As Escrituras Sagradas não serão simplesmente li­das, mas proclamadas. Tudo deve­mos fazer para que essas sementes caiam na terra boa do nosso cora­ção e produzam os frutos esperados.
As leituras tiradas da Bíblia para serem feitas durante a missa obede­cem a um esquema previamente es­tudado. Aos domingos são lidos três textos, com um salmo de resposta após a primeira leitura e uma acla­mação antes do Evangelho.
Percebe-se certa ligação temá­tica entre a primeira leitura e o Evangelho; já a segunda leitura re­força aspectos práticos da vida do cristão e da comunidade.
Nos dias de semana são feitas apenas duas leituras e sem preocu­pação com temas, pelo menos no tempo chamado comum. Os tex­tos são lidos numa ordem sequencial e a Igreja tem a inten­ção de que os principais livros da Bíblia e os Evangelhos sejam apre­sentados aos fiéis no decorrer de todo o ano litúrgico.

Primeira leitura
Na maioria das vezes a primei­ra leitura é tirada dos livros do An­tigo Testamento. Em alguns tempos litúrgicos e festas especiais são uti­lizados trechos do Novo Testamen­to, como por exemplo os Atos dos Apóstolos.
A primeira leitura é escolhida em função do Evangelho do dia, havendo um notório relacionamen­to entre ambas para reforçar a mes­ma ideia, um mesmo ensinamento.

Salmo responsorial
O salmo de resposta, enquanto possível, faz ressonância à primeira leitura.

Segunda leitura
Na segunda leitura aparecem com muita frequência trechos das cartas do Novo Testamento. As de São Paulo são as mais utilizadas e geralmente relatam experiências das comunidades cristãs.
Após o trabalho missionário de pregação e conversão, os apósto­los se preocuparam em transmitir novas orientações, exortações, dou­trinas, alertas, testemunhos, elo­gios, com a constante preocupação de perseverança no "caminho". En­tram também nesse elenco os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse.

Evangelho
Das três leituras não há dúvida de que o Evangelho é a principal. Trata-se afinal da palavra do pró­prio Jesus, o cumprimento das pro­messas e profecias do Antigo Testa­mento. Ele é a expressão da nova lei, da nova aliança. Enfim, ele é a Boa Notícia.

Homilia
Deus nos fala através das leitu­ras e nos fala também através do ministro que preside a celebração, no serviço da pregação, da homilia. Mesmo que cada um possa enten­der a seu modo as mensagens pro­clamadas através das leituras, o ministro da palavra pode e deve ajudar a assembleia a perceber o sentido dos termos e a vontade de Deus naquele momento e naquela circunstância ("Quem vos ouve a mim ouve" - Lc 10,16).

A homilia, que deve ser uma verdadeira "conversa familiar", tem como objetivo tra­zer a palavra de Deus para a vida, para a história de hoje, para que ela seja apelo atual e resposta aos desafios do cristão e da comunida­de, já que estão situados no mun­do, de onde não podem e não de­vem ser tirados ("Eu não rogo que os tires do mundo" - Jo 17,15).

Profissão de fé
A palavra de Deus, ouvida, entendida e aceita, pede de nós uma resposta, que será dada na vida, com a conversão para Deus e para os irmãos. Entretanto, na celebra­ção dominical e nas solenidades, fazemos a profissão de fé confir­mando a crença naquilo que há de mais substancial e que nos foi re­velado. A profissão de fé é assim uma verdadeira renovação dos compromissos com Deus.

Oração dos fiéis
Como conclusão da Liturgia da Palavra a assembléia eleva a Deus as suas preces comunitárias. Nes­se momento é recomendado que ninguém reze somente por si e pêlos seus, mas que a comunida­de coloque em comum as grandes intenções.
Conforme instrução geral do Missal Romano, é preciso respeitar certa ordem nas preces, a saber: pe­las necessidades da Igreja; pêlos governantes e pessoas investidas de autoridade; por todas as pessoas que sofrem dificuldades; pelas ne­cessidades da comunidade local.
O ideal é que, depois de anun­ciadas algumas dessas intenções gerais, os fiéis possam formular es­pontaneamente suas preces, des­de que não seiam suplicas mera­mente pessoais e "em muito nu­merosas".

3. Liturgia Eucarística


A parte seguinte da Missa con­centra-se no que é realizado so­bre a mesa da grande ceia, no al­tar. De certa maneira podemos di­zer que a liturgia eucarística é a parte central e mais importante da celebração.

Ofertório
A Liturgia Eucarística começa com o ofertório. Na Missa nós ofertamos o que recebemos de Deus: a vida, aquilo que a nature­za nos concede para a subsistência, o fruto do nosso trabalho, nos­sas alegrias e tristezas, nossas preocupações.
O dízimo, que é o fruto do nos­so trabalho, pode ser ofertado atra­vés de mantimentos (campanha do quilo) ou de dinheiro (coleta). No­tar bem que essas oferendas, quer sejam mantimentos quer sejam em dinheiro, não são esmolas, mas símbolos da vida e do trabalho. Re­conhecemos que tudo recebemos por graça de Deus e por isso faze­mos a oferta, com gratidão e espí­rito de partilha.
No tempo em que o sacerdote recebia dos participantes as ofertas, que eram quase que exclusivamen­te frutos da terra (víveres), havia real necessidade de lavar as mãos an­tes de prosseguir a celebração. O rito do "lavabo" permanece ainda hoje, mas com um sentido mais es­piritual: "lavai-me, Senhor, das mi­nhas faltas e purificai-me dos meus pecados".

O sacerdote, por sua vez, apre­senta ao Senhor o pão e o vinho, elementos escolhidos por Cristo, se­guindo a tradição judaica, e que serão os sinais sacra­mentais da Eucaristia, transformados pela consagração em cor­po e sangue de Jesus, pão da vida e vinho da salvação.
Há um detalhe muito interessante no momento do ofer­tório e que pouca gente acompanha. Ao preparar a oferta do cálice, o sacerdo­te mistura uma goti­nha de água ao vinho, rezando esta oração: "pelo mistério da água misturada ao vi­nho possamos participar da divin­dade do vosso Filho que se dignou assumir a nossa humanidade".
O ofertório termina com a ora­ção sobre as oferendas. A Igreja reza para que o sacrifício seja acei­to, para a glória de Deus e para o bem de todos.

Oração Eucarística
A Oração Eucarística é uma grande prece proclamada pelo presidente da assembleia, que é sempre um sacerdote ordenado, em nome de todo o povo. Essa oração engloba elementos de ação de graças, invocações ao Es­pírito Santo, narrativas, súplicas de intercessão pela Igreja, papa, bispos, ministros e fiéis vivos e fa­lecidos, e de louvor.
Não existe uma oração única, mas são vários modelos para serem utilizados conforme a circunstân­cia. Mesmo sendo proclamada pelo presidente, exige a participação consciente dos fiéis, pois é oração da Igreja. Por isso, são muito apro­priadas as respostas e aclamações da assembleia.

A Oração Eucarística tem início com o Prefácio, que é como que uma introdução ao que vai ser re­zado. É um anúncio, uma procla­mação das maravilhas de Deus. O Prefácio geralmente está ligado ao tema da celebração. Assim temos prefácios da Páscoa, do Natal, de Nossa Senhora, dos Mártires etc. Sua conclusão se faz como uma aclamação grandiosa, participando anjos, santos e toda a terra com suas criaturas: "Santo... Santo... Santo... Hosana... Bendito o que vem em nome do Senhor".

A glorificação final: O sacrifício de Cristo nos traz a salvação e é, ao mesmo tempo, glorifica­ção infinita a Deus Pai. As palavras finais da Oração Eucarística resumem, num ato de louvor (doxologia) tudo o que foi feito na ce­lebração. A celebração, por sua vez expressa a vida. "Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a hon­ra e toda a glória, agora e para sempre. Amém".
(*observação: essa oração é sacerdotal, é um erro comum os fiéis rezarem junto e levantarem o braço, mas é errado, deve-se apenas responder "amém")

Ritos da Comunhão
A ceia não é ceia se não se come a comida e não se bebe a bebida. Terminada a grande Oração Eucarística, começa a preparação para a comunhão.
Quem vai comungar deve estar preparado e consciente. A comu­nhão é o sacramento da união, atra­vés de Cristo, com Deus e com os irmãos. Portanto, deve ser um ato coerente de alguém convencido do que significa seguir os passos de Jesus. Por isso reza-se o Pai-nosso, oração que é um verdadeiro pro­grama de vida.

Prosseguindo nas orações de preparação para a comunhão, pe­dimos que Deus nos liberte do mal, nos liberte dos nossos pecados, e nos dê a paz. Sim, porque comu­nhão é reconciliação. Não há co­munhão sem espírito de paz, sem disposição para acolher e difundir no mundo a paz de Cristo.
O Pão Eucarístico é fracionado, partido em pedaços meno­res, partilhado; isso quer signifi­car a unidade e a fraternidade. Comungamos de um único pão e por isso repartimos os dons como família de Deus. Uma dessas par­tículas é colocada no cálice para reforçar a ideia e a preocupação de unidade entre as pessoas da comunidade e com toda a Igreja espalhada pelo mundo.
No momento da fração do pão a comunidade reza ou canta o "Cordeiro de Deus". Trata-se de uma profissão de fé e de humil­dade; por um lado os fiéis reco­nhecem que Cristo, o verdadeiro Cordeiro Pascal, liberta o mundo do pecado; por outro lado, pedem perdão e se declaram indignos de receber a comunhão. Porém, com confiança na misericórdia do Pai, rezam para que a comunhão seja "salvação".

4. Ritos Finais

Por fim, o sacerdote reza a ora­ção após a comunhão e passa para os ritos finais da celebração.

A finalização da celebração, sim­ples e objetiva, é momento de cons­ciência apostólica e missionária. Algo de muito profundo foi realiza­do na celebração e nossa vida con­tinua. Não devemos permitir ruptu­ra e separação da fé com a vida de cada dia. Recebendo a Bênção saí­mos fortalecidos e encorajados para levar adiante a nossa missão: Evangelizar a todos os que encon­trarmos pelo caminho.


Junior

RCC - Semeando a cultura de Pentecostes

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