Santa Missa, parte por parte
O que é a Missa?
Missa é uma palavra que vem do Latim e significa "missão". No tempo em que as Missas Tridentinas eram comuns, o padre, ao encerrar a celebração, voltava-se para a assembleia e, abrindo os braços, dizia: "ite, missa est". Isso era entendido como: "Ide, a missa está terminada". Poderia significar também que, a partir daquele momento, o cristão deveria viver sua missão no mundo - em casa, no trabalho e na sociedade.
Podemos dividir a Missa em quatro partes:
1 - Ritos Iniciais
2 - Liturgia da Palavra
3 - Liturgia Eucarística
4 - Ritos Finais
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1. Ritos Iniciais
Ritos são ações e procedimentos observados como regras na realização de uma cerimônia religiosa. Na celebração da Missa, quais seriam os ritos iniciais?
Comunidade eclesial-assembléia
Tudo começa com a chegada das pessoas. Ná medida em que elas se encontram e se acolhem mutuamente, Vão constituindo a "assembléia". Toda reunião de cristãos traz uma forte identidade: a presença de Cristo - "pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles", disse Jesus (São Mateus 18,20).
Procissão de entrada
Constituída a assembléia, tem início a Procissão de Entrada, feita geralmente aos Domingos e dias festivos. Dela participam o sacerdote que presidirá a Eucaristia, os ministros, os leitores, os acólitos e, conforme a circunstância, outras pessoas. Essa procissão, que se dirige ao "altar"', mostra a caminhada do povo peregrino em busca de Deus.
Beijo no altar
O altar, mesa sagrada onde é oferecido o sacrifício, onde Cristo se imola e dá sua vida por nós. A tradição cristã respeita o altar como símbolo do próprio Cristo. Por isso é beijado com muito carinho e respeito pelo presidente da celebração.
Canto de entrada
Durante a procissão a comunidade canta, pois cantar é rezar, é louvar, é testemunhar. O canto anima e conduz à oração. A missa, com raras exceções, tem que ter cantos, pois através deles expressamos os motivos pêlos quais estamos celebrando. O canto, quando bem escolhido e executado, tem a capacidade de nos introduzir no clima da celebração.
Acolhida
A Igreja é a Casa de Deus, Casa da Mãe, Casa dos Santos, Casa de irmãos. As pessoas que se reúnem para a missa podem ser conhecidas ou não. Na fé sabemos que somos todos filhos e filhas do mesmo Pai. Deus acolhe a todos, não rejeita ninguém. Também nós devemos ter essa disposição, e isso deve ser sempre lembrado pelo comentarista ou pelo sacerdote que preside a celebração.
É muito importante instaurar esse clima de fraternidade já desde o início da missa, pois é a expressão visível da graça presente na assembleia: "Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo".
Ato penitencial
O sentimento de ser acolhido por Deus Pai e pêlos irmãos nos faz entender que tudo é graça. Não estamos na Igreja para fazer um favor... nem mesmo para dar conta de um compromisso, cumprir uma obrigação. Somos criaturas pobres e humildes diante do mistério e da santidade de Deus.
O ato penitencial quer ser o reconhecimento sincero dessa nossa situação, no sentido apresentado pelo Evangelho na parábola do Fariseu e o Publicano (Lc 18,9-14). Sempre necessitamos de conversão, mas de modo especial quando nos apresentamos diante da grandeza de Deus.
Hino de louvor
Justificados, isto é, banhados pela misericórdia de Deus que nos aceita e nos eleva, rezamos (cantamos) o Glória. Trata-se de um hino muito antigo através do qual manifestamos louvor, adoração e súplicas a Cristo e, por ele e nele, ao Pai e ao Espírito Santo.
Oração (coleta)
Para concluir essa primeira parte da missa, é rezada uma oração. O sacerdote que preside a celebração convida todos ao recolhimento dizendo: "Oremos". Cada um faz sua oração em silêncio, colocando suas intenções particulares. Depois de um breve instante o Padre conclui rezando em voz alta a "coleta". A oração tem esse nome porque realmente ela recolhe todas as intenções particulares feitas em silêncio, como que fazendo uma conclusão.
2. Liturgia da Palavra
A missa é um encontro da Igreja com seu Deus e Pai, por Cristo no Espírito Santo. Em conseqüência disso a Palavra de Deus sempre terá lugar de destaque como parte integrante e indispensável na assembleia litúrgica.
Na missa a leitura da Bíblia se reveste de solenidade, pois acreditamos verdadeiramente que Deus nos fala. De nossa parte, devemos procurar acolher essa palavra como comunicação de vida. As Escrituras Sagradas não serão simplesmente lidas, mas proclamadas. Tudo devemos fazer para que essas sementes caiam na terra boa do nosso coração e produzam os frutos esperados.
As leituras tiradas da Bíblia para serem feitas durante a missa obedecem a um esquema previamente estudado. Aos domingos são lidos três textos, com um salmo de resposta após a primeira leitura e uma aclamação antes do Evangelho.
Percebe-se certa ligação temática entre a primeira leitura e o Evangelho; já a segunda leitura reforça aspectos práticos da vida do cristão e da comunidade.
Nos dias de semana são feitas apenas duas leituras e sem preocupação com temas, pelo menos no tempo chamado comum. Os textos são lidos numa ordem sequencial e a Igreja tem a intenção de que os principais livros da Bíblia e os Evangelhos sejam apresentados aos fiéis no decorrer de todo o ano litúrgico.
Primeira leitura
Na maioria das vezes a primeira leitura é tirada dos livros do Antigo Testamento. Em alguns tempos litúrgicos e festas especiais são utilizados trechos do Novo Testamento, como por exemplo os Atos dos Apóstolos.
A primeira leitura é escolhida em função do Evangelho do dia, havendo um notório relacionamento entre ambas para reforçar a mesma ideia, um mesmo ensinamento.
Salmo responsorial
O salmo de resposta, enquanto possível, faz ressonância à primeira leitura.
Segunda leitura
Na segunda leitura aparecem com muita frequência trechos das cartas do Novo Testamento. As de São Paulo são as mais utilizadas e geralmente relatam experiências das comunidades cristãs.
Após o trabalho missionário de pregação e conversão, os apóstolos se preocuparam em transmitir novas orientações, exortações, doutrinas, alertas, testemunhos, elogios, com a constante preocupação de perseverança no "caminho". Entram também nesse elenco os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse.
Evangelho
Das três leituras não há dúvida de que o Evangelho é a principal. Trata-se afinal da palavra do próprio Jesus, o cumprimento das promessas e profecias do Antigo Testamento. Ele é a expressão da nova lei, da nova aliança. Enfim, ele é a Boa Notícia.
Homilia
Deus nos fala através das leituras e nos fala também através do ministro que preside a celebração, no serviço da pregação, da homilia. Mesmo que cada um possa entender a seu modo as mensagens proclamadas através das leituras, o ministro da palavra pode e deve ajudar a assembleia a perceber o sentido dos termos e a vontade de Deus naquele momento e naquela circunstância ("Quem vos ouve a mim ouve" - Lc 10,16).
A homilia, que deve ser uma verdadeira "conversa familiar", tem como objetivo trazer a palavra de Deus para a vida, para a história de hoje, para que ela seja apelo atual e resposta aos desafios do cristão e da comunidade, já que estão situados no mundo, de onde não podem e não devem ser tirados ("Eu não rogo que os tires do mundo" - Jo 17,15).
Profissão de fé
A palavra de Deus, ouvida, entendida e aceita, pede de nós uma resposta, que será dada na vida, com a conversão para Deus e para os irmãos. Entretanto, na celebração dominical e nas solenidades, fazemos a profissão de fé confirmando a crença naquilo que há de mais substancial e que nos foi revelado. A profissão de fé é assim uma verdadeira renovação dos compromissos com Deus.
Oração dos fiéis
Como conclusão da Liturgia da Palavra a assembléia eleva a Deus as suas preces comunitárias. Nesse momento é recomendado que ninguém reze somente por si e pêlos seus, mas que a comunidade coloque em comum as grandes intenções.
Conforme instrução geral do Missal Romano, é preciso respeitar certa ordem nas preces, a saber: pelas necessidades da Igreja; pêlos governantes e pessoas investidas de autoridade; por todas as pessoas que sofrem dificuldades; pelas necessidades da comunidade local.
O ideal é que, depois de anunciadas algumas dessas intenções gerais, os fiéis possam formular espontaneamente suas preces, desde que não seiam suplicas meramente pessoais e "em muito numerosas".
3. Liturgia Eucarística
A parte seguinte da Missa concentra-se no que é realizado sobre a mesa da grande ceia, no altar. De certa maneira podemos dizer que a liturgia eucarística é a parte central e mais importante da celebração.
Ofertório
A Liturgia Eucarística começa com o ofertório. Na Missa nós ofertamos o que recebemos de Deus: a vida, aquilo que a natureza nos concede para a subsistência, o fruto do nosso trabalho, nossas alegrias e tristezas, nossas preocupações.
O dízimo, que é o fruto do nosso trabalho, pode ser ofertado através de mantimentos (campanha do quilo) ou de dinheiro (coleta). Notar bem que essas oferendas, quer sejam mantimentos quer sejam em dinheiro, não são esmolas, mas símbolos da vida e do trabalho. Reconhecemos que tudo recebemos por graça de Deus e por isso fazemos a oferta, com gratidão e espírito de partilha.
No tempo em que o sacerdote recebia dos participantes as ofertas, que eram quase que exclusivamente frutos da terra (víveres), havia real necessidade de lavar as mãos antes de prosseguir a celebração. O rito do "lavabo" permanece ainda hoje, mas com um sentido mais espiritual: "lavai-me, Senhor, das minhas faltas e purificai-me dos meus pecados".
O sacerdote, por sua vez, apresenta ao Senhor o pão e o vinho, elementos escolhidos por Cristo, seguindo a tradição judaica, e que serão os sinais sacramentais da Eucaristia, transformados pela consagração em corpo e sangue de Jesus, pão da vida e vinho da salvação.
Há um detalhe muito interessante no momento do ofertório e que pouca gente acompanha. Ao preparar a oferta do cálice, o sacerdote mistura uma gotinha de água ao vinho, rezando esta oração: "pelo mistério da água misturada ao vinho possamos participar da divindade do vosso Filho que se dignou assumir a nossa humanidade".
O ofertório termina com a oração sobre as oferendas. A Igreja reza para que o sacrifício seja aceito, para a glória de Deus e para o bem de todos.
Oração Eucarística
A Oração Eucarística é uma grande prece proclamada pelo presidente da assembleia, que é sempre um sacerdote ordenado, em nome de todo o povo. Essa oração engloba elementos de ação de graças, invocações ao Espírito Santo, narrativas, súplicas de intercessão pela Igreja, papa, bispos, ministros e fiéis vivos e falecidos, e de louvor.
Não existe uma oração única, mas são vários modelos para serem utilizados conforme a circunstância. Mesmo sendo proclamada pelo presidente, exige a participação consciente dos fiéis, pois é oração da Igreja. Por isso, são muito apropriadas as respostas e aclamações da assembleia.
A Oração Eucarística tem início com o Prefácio, que é como que uma introdução ao que vai ser rezado. É um anúncio, uma proclamação das maravilhas de Deus. O Prefácio geralmente está ligado ao tema da celebração. Assim temos prefácios da Páscoa, do Natal, de Nossa Senhora, dos Mártires etc. Sua conclusão se faz como uma aclamação grandiosa, participando anjos, santos e toda a terra com suas criaturas: "Santo... Santo... Santo... Hosana... Bendito o que vem em nome do Senhor".
A glorificação final: O sacrifício de Cristo nos traz a salvação e é, ao mesmo tempo, glorificação infinita a Deus Pai. As palavras finais da Oração Eucarística resumem, num ato de louvor (doxologia) tudo o que foi feito na celebração. A celebração, por sua vez expressa a vida. "Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre. Amém".
(*observação: essa oração é sacerdotal, é um erro comum os fiéis rezarem junto e levantarem o braço, mas é errado, deve-se apenas responder "amém")
Ritos da Comunhão
A ceia não é ceia se não se come a comida e não se bebe a bebida. Terminada a grande Oração Eucarística, começa a preparação para a comunhão.
Quem vai comungar deve estar preparado e consciente. A comunhão é o sacramento da união, através de Cristo, com Deus e com os irmãos. Portanto, deve ser um ato coerente de alguém convencido do que significa seguir os passos de Jesus. Por isso reza-se o Pai-nosso, oração que é um verdadeiro programa de vida.
Prosseguindo nas orações de preparação para a comunhão, pedimos que Deus nos liberte do mal, nos liberte dos nossos pecados, e nos dê a paz. Sim, porque comunhão é reconciliação. Não há comunhão sem espírito de paz, sem disposição para acolher e difundir no mundo a paz de Cristo.
O Pão Eucarístico é fracionado, partido em pedaços menores, partilhado; isso quer significar a unidade e a fraternidade. Comungamos de um único pão e por isso repartimos os dons como família de Deus. Uma dessas partículas é colocada no cálice para reforçar a ideia e a preocupação de unidade entre as pessoas da comunidade e com toda a Igreja espalhada pelo mundo.
No momento da fração do pão a comunidade reza ou canta o "Cordeiro de Deus". Trata-se de uma profissão de fé e de humildade; por um lado os fiéis reconhecem que Cristo, o verdadeiro Cordeiro Pascal, liberta o mundo do pecado; por outro lado, pedem perdão e se declaram indignos de receber a comunhão. Porém, com confiança na misericórdia do Pai, rezam para que a comunhão seja "salvação".
4. Ritos Finais
Por fim, o sacerdote reza a oração após a comunhão e passa para os ritos finais da celebração.
A finalização da celebração, simples e objetiva, é momento de consciência apostólica e missionária. Algo de muito profundo foi realizado na celebração e nossa vida continua. Não devemos permitir ruptura e separação da fé com a vida de cada dia. Recebendo a Bênção saímos fortalecidos e encorajados para levar adiante a nossa missão: Evangelizar a todos os que encontrarmos pelo caminho.
Junior
RCC - Semeando a cultura de Pentecostes
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